Redes e a Sala de Máquinas por Dentro

Após falar sobre a infraestrutura de um data center de forma geral, decidi criar algumas sub-séries como forma de explorar "o miolo da coisa" ou seja, aquilo que muitas vezes é invisível aos olhos, mas essencial para o funcionamento de tudo. Com isso em vista, vou-me revestir da mente de um projectista nesta jornada. Acredito que assim consigo transmitir as ideias de forma simples, mas densa, e tu também poderás acompanhar a evolução dessa construção de forma sólida e progressiva seja iniciante ou já experiente na área.

O que é afinal a “sala de máquinas”?

Sempre que ouvia o termo “sala de máquinas”, imaginava um espaço barulhento, cheio de motores, tubos e canalizações, algo como um navio ou uma fábrica de nível industrial. Mas foi dentro de um data center que esse termo ganhou um significado mais técnico, mais crítico e, acima de tudo, mais fascinante. A sala de máquinas é aquele sítio onde vive o cérebro por trás da infraestrutura do nosso mundo moderno.

A primeira vez que entrei numa dessas salas, percebi que não era apenas sobre grandes equipamentos, falo das ideias de máquinas industriais que se encontram nessas fábricas de processamento e tal. Mas sim era sobre lógica, organização e antecipação. Era ali que tudo começava e onde, se algo falhasse, tudo poderia terminar também.

O pensamento por trás do projecto

A sala de máquinas não é um espaço qualquer é desenhada com um pensamento estratégico, quase que cirúrgico. Cada detalhe tem um propósito. E é aqui que entra a figura do projectista, o verdadeiro arquitecto nessa área, alguém que prevê riscos antes de existirem e desenha soluções que, quando bem implementadas, passam despercebidas.

Projectar um sistema crítico como o de um data center exige pensar de trás para a frente. Antes mesmo de se escolherem os equipamentos, o projectista precisa de compreender:
  • Que serviços este data center vai suportar?
  • Qual o volume estimado de tráfego de dados?
  • Quantos utilizadores finais estarão ligados, em simultâneo?
  • Quais os requisitos de segurança, redundância, escalabilidade e manutenção?
É como desenhar uma cidade subterrânea onde cada via (cabo), edifício (rack), central eléctrica (UPS, geradores) e posto de controlo (servidores, routers) tem de coexistir com espaço, lógica e independência. O objectivo? Garantir que tudo funciona mesmo quando alguma parte falha.

Fluxo, zonas e segregação

Um dos aspectos mais importantes no desenho da sala de máquinas é o fluxo da rede. Tal como uma cidade se divide em zonas residenciais, comerciais e industriais, dentro de um data center também se criam zonas lógicas:
  • Tráfego de produção
  • Tráfego de gestão
  • Tráfego de cópias de segurança
  • Tráfego de segurança
  • Tráfego de monitorização
Estas zonas devem ser fisicamente e logicamente separadas, e a disposição dos equipamentos deve reflectir essa separação. Em outras palavras: não basta saber o que é um switch, é preciso saber onde colocá-lo, porquê, com que ligações e já a pensar nas futuras intervenções de manutenção.

A redundância começa aqui

A sala de máquinas é também o espaço onde a redundância se verifica de verdade, lembrando que este é um dos conceitos mais fundamentais no universo dos data centers. Cada sistema vital, energia, climatização, rede ou segurança deve ter pelo menos uma cópia pronta a assumir em caso de falha.
Por exemplo:
  • Se um switch falha, outro entra em acção.
  • Se o caminho de rede A falhar, o tráfego muda para o caminho B.
  • Se o UPS principal parar, entra o UPS secundário e, em seguida, os geradores.
Por isso que é trabalho do projectista prever tudo isto em plantas, diagramas e topologias, e a sala de máquinas deve estar organizada para tornar isso possível.

Aqui começa a verdadeira série...

Este episódio é apenas a base. A partir do próximo, vamos procurar abrir a caixa preta das redes de computadores sem jargões desnecessários, mas com clareza e profundidade. Desde os cabos que ninguém vê até aos protocolos que fazem o mundo digital funcionar. Pretendo com essa série construir contigo um conhecimento que sirva tanto para quem nunca ouviu falar de um patch panel, como para quem já opera redes há anos e deseja refinar a visão estratégica.

Até breve!

#filipe-chau #tsalaCode #moz-it-room #tsala-code #mozitroom #mozweon #DataCenter #EngenhariaDeRedes #InfraestruturaCrítica #RedesDeComputadores #Tecnologia #EngenhariaElectrotécnica #InfraestruturaDigital #SalaDeMáquinas #AltaDisponibilidade #Projectista #ITInfrastructure #TecnologiaDaInformação #SistemasCríticos #NetworkDesign #EngenhariaInformática 


Comentários